SANTA BENÇÃO
SANTA DÁDIVA….!
Ano passado, Choupana, Cristiano Ronaldo Youth Tournament. Terá sido no segundo dia deste evento internacional, olhos postos no Campo do “Centenário” e num ápice, ups, Santa Maria das Engrácias. Um moreninho de preto e branco vestido, colado à asa esquerda e a história era… zum, zum, zum e zum e assim por diante.
Recorrentemente… zum, parado era um Mini ou um Morris mas quando tocava a mexer virava… Ferrari. Dino? Não, era o Coelho que agora pelas circunstâncias da vida e da bola, também é Coelhinho. Pera aí, quer dizer que com o andar da carruagem temporal passa a ser inho… anda para trás? Nada disso, porque a paixão da bola e dos predestinados para a idade como ele, indubitavelmente, é, gera outro tipo de paixões de quem vê e sobretudo de quem gosta disto e de quem também considera ser importante dar-se-lhe a ele e a outros, um carinho especial.
Coelhinho, esse diabinho de outrora, hoje em dia um diabo da equipa de sub-10 do CD Nacional que ainda por estes dias se apresentou em Machico para erguer a Machico Cup, numa final ganha, sem mácula (8-2) ao CD Barreirense. E se um dia o vimos mais junto à linha de… “Lamborghini”, hoje está diferente.
Sinais dos tempos, sinais da sua evolução natural, hoje continua a ser um grande artista da bola para a sua idade, de uma forma mais simplista poder-se-ia dizer que… tem tudo. Tecnicamente é um mimo, a inteligência, a definição/selecção do lance está acima do comum dos mortais da sua idade e até outros bem mais velhos gostariam de ter…
Nesta casa nunca se disse nem nunca se dirá que x ou y atleta «irá dar jogador» e mesmo assim apenas se diz que o camarada pode ser bom ou muito bom para a idade. Que é como quem diz, se houver vontade de ser um dia jogador profissional, terá sempre de contar com tantas variantes que o futebol concede, outras mais diretamente ligadas a si, a par de outros factores que nem ele poderá controlar.
A verdade é que o Coelhinho é formidável, com uma regularidade exibicional bem elevada para a sua idade, diríamos sem exagero que é um predestinado, um regalo “pá” vista mas que tem de continuar a fazer a sua parte para que as probabilidades de sucesso sejam maiores.
Por estes dias, em Machico, tanto no sintético, como na relva natural, vimos, como eles dizem, os jovens, curtimos e maravilhávamo-nos. Como é que um puto tão tenrinho consegue ter tanta bola naquela cabeça e naqueles pés?. E também pensávamos no seguinte: nem quando somos bons ou muito bons a dificuldade deixa de existir, bem real, porque, por exemplo, quando vemos tanta bola em tanta vez a ser exibida, vamos, de uma forma inconsciente, colocando-o num patamar sempre superior ao muito que ele joga.
Colocamo-lo num patamar de exigência que merecíamos levar um castigo. Ele lá no meio, levezinho, saltitante, destilando classe/competência, tratando a bola por tu, com aquela braçadeira que até lhe dá uma pinta suplementar, fazendo tanta mas tanta coisa com a maior naturalidade do mundo, como se nada fosse, receber no final da Machico Cup a distinção de melhor jogador dos sub-10 é, realmente, uma coisa que tem de ser encarada com toda a normalidade deste mundo.
É fino, é excelente, é Coelhinho e ponto final. Uma verdadeira benção vê-lo actuar e essa, para já, é a melhor “carreira profissional” que se pode ter. Desfrutemo-la, pois então, curvando-se-lhe(s) as vezes que forem precisas porque as dádivas são sempre bem vindas.